quarta-feira, novembro 22, 2006

CIVISMO


Não há outra forma de o dizer: nós portugueses temos todos, sem excepção, falhas brutais no que ao civismo diz respeito. Pior ainda: muitos portugueses são mesmo uns atrasados mentais no uso da sua cidadania e revelam total indiferença em relação às questões da vida em comum.
As questões do civismo têm a ver essencialmente com o nível das práticas quotidianas. E é aqui, neste reino que tudo vai mal. Longe de estarmos a falar apenas da questão da beata enterrada na areia da praia, da escarradela para o chão, dos dejectos caninos em tudo o que é passeio público ou do maço de tabaco vazio a voar pela janela do carro, o que sobressai é o amplo comportamento ostensivo dos portugueses.
Será por azar que somos o país da Europa com mais incêndios florestais? É obra da natureza a poluição dos nossos rios ou existirá por ai muito industrial de suínos a pensar que pode matar aquilo que a todos pertence? Somos ainda o segundo país que mais aumentou a poluição do ar em relação aos níveis estabelecidos em Quioto.
Deve ser azar deve! E nem vale a pena falar das nossas cidades, a ficarem cada vez mais feias porque nelas deixamos apodrecer edifícios com história para os especuladores ali construírem caixotes de betão.
Como pode um povo que despreza a natureza no seu estado mais extenso ser depois cívico nas pequenas coisas, como: reciclar o lixo, meter no pilhão as pilhas, não cortar pinheiros para decoração de Natal ou não utilizar detergentes com fosfatos!? Pois é, para os portugueses isto não é falta de educação é antes tanga de intelectuais e de ambientalistas.
Mas vamos lá a perceber:
- Para um português, civismo é um prato típico de Trás-os-Montes?

1 comentário:

Migas-o-Sapo disse...

Ei, calminha aí, não se pode generalizar uma coisa dessas! Há muita gente que não tem qualquer civismo e é igualmente verdade que esses vão sendo cada vez mais mas também é verdade que há muitas outras pessoas que têm consciência das coisas e demonstram civismo.
Segundo aspecto: não nos podemos esquecer que "o exemplo vem de cima" ou, se preferires, "rei fraco faz fraca a forte gente". Muitas coisas se fazem por cá porque não há uma forte autoridade do Estado para, por um lado, educar as pessoas e fazê-las cumprir aquilo que lhes foi ensinado (porque muitos ouvem os avisos e conselhos e dizem "sim senhor, apoiado, muito bem" mas depois vão fazer exactamente o oposto do que foi dito) e, por outro, para os punir, já para não falar em punir a sério, no caso de cometerem essas asneiras e delitos.
Mais ainda digo eu: nós não somos, nem de perto nem de longe, os únicos e nem os mais escassos de civismo. Já alguém viu, por exemplo, os Amaricanos da Treta? Ou, falando de alguns com os quais estamos mais familiarizados, os Franceses, que pensam que são superiores aos outros e desprezam mesmo os outros, ou os nossos antiquíssimos aliados, aqueles que se dizem Ingleses e que pouco mais são que uma corja de bárbaros, que chegam a qualquer lado e fazem todo o tipo de asneiras e barbaridades só porque lhes apetece, seja autorizado ou não? E já alguém se interrogou porque é que aqui eles são piores do que nós, sem comparação, e nos países deles isso não acontece? Porque lá eles andam mais certinhos que um fio de prumo enquanto que aqui não há autoridade. No fundo, a falta de civismo é e sempre foi uma questão política.
"A Lei é igual para todos e para o bem de todos". Como tal, se os cidadãos não têm capacidade para distinguir o que é correcto do que não é, há que lhes indicar o caminho.
O Salazar foi uma besta, é verdade, mas não terão alguma razão de ser as queixas das pessoas mais velhas sobre o actual estado de coisas?