sábado, novembro 25, 2006

PORTUGAL TEM AS DROGAS LEVES MAIS BARATAS DA EUROPA

- Preços de droga na Europa estão cada vez mais baixos
- A cannabis pode ser até 80% mais barata em Portugal


Portugal é o país da União Europeia onde o haxixe é mais barato. Esta droga leve custa em média 2,3 euros por grama, menos 80% do que os 12 euros praticados na Noruega e abaixo da média europeia, que oscila entre os cinco e os dez euros, de acordo com o Relatório de 2006: A Evolução do Fenómeno da Droga na Europa, Noruega, Bulgária, Roménia e Turquia. Com o LSD a situação é muito semelhante, tendo o valor de 2,5 euros por unidade em Portugal. Para além disso, o nosso país foi dos que, em2004, forneceu mais resina de cannabis (haxixe).


Sida e consumo de drogas

Portugal continua a ser o país com maior incidência do VIH/Sida entre toxicodependentes, com 98,5 casos por milhão de habitantes. No entanto, segundo um relatório anteriormente divulgado pela ONU/Sida, integrada na Organização Mundial de Saúde, a taxa de infecções VIH/Sida, em Portugal, desceu cerca de 30% entre 2001 e 2005. Em casos de hepatite C, a prevalência também é muito elevada, superior a 60% entre consumidores.


Festas despertam consumo

Os jovens frequentadores de locais de diversão nocturna têm dez vezes mais probabilidades de experimentar drogas e estimulantes do que os restantes e dois terços destes declaram já ter consumido tais substâncias pelo menos uma vez na vida. O relatório também alerta para a diminuição do fosso entre géneros. Cada vez mais as mulheres se aproximam dos homens no consumo de droga.


62 kg de cocaína apreendida

Em 2004, foram apreendidas cerca de 74 toneladas de cocaína na Europa e a Península Ibérica continua a ser uma importante porta de entrada para a cocaína, como o Destak já noticiou, tendo mais de metade sido apreendida em Espanha ou Portugal. Ontem, em resultado de uma operação da Polícia Judiciária, através da Direcção Central de Investigação do Tráfico de Estupefacientes (DCITE), foram apreendidos 62 kg de cocaína, o que «eleva o valor total deste ano para 35 toneladas», adianta ao Destak fonte da DCITE. Esta operação é mais uma prova do «aumento de tráfico da cocaína e da diminuição da heroína». Em cooperação coma Guardia Civil espanhola, a PJ deteve também dois portugueses, cinco espanhóis, um suíço e um argentino, desmantelando a «organização ibérica responsável pela introdução de elevadas quantidades de cocaína na União Europeia». A cocaína estava num armazém da região de Loures, dissimulada dentro de toros de madeira.

By: “Destak”
Reportagem de Patrícia Ferreira (pferreira@destak.pt)

1 comentário:

Anónimo disse...

Hoje há folhas de canábis nas capas da imprensa diária por causa do anúncio do relatório de 2006 do Observatório Europeu da Droga e Toxicodependência (OEDT). Ele vem confirmar a tendência dos anos anteriores: o preço das substâncias adquiridas no mercado ilegal (haxixe, ecstasy, LSD, cocaina, heroína, etc.) continua a baixar, indiferente ao aumento das apreensões. E estes dados ainda não têm em conta a produção recorde de heroína no Afeganistão nos últimos dois anos, que promete trazer de novo aquele opiáceo para a moda nas cidades europeias e até já levou o responsável da ONU pelo [fracasso do] combate à droga, o italiano António Maria Costa, a apelar à NATO para que bombardeie os campos onde crescem as papoilas...

Longe dos índices europeus de popularidade do consumo de drogas, o caso português continua a ser o mais preocupante no que respeita às infecções com HIV e hepatites entre os consumidores de drogas injectáveis, estatísticas onde o nosso país parece ter lugar cativo no topo da tabela. Isto só prova a insuficiência das medidas de redução de danos e o atraso em relação ao que se faz noutros países da UE. Basta lembrar o plano de troca de seringas no meio prisional, já adoptado em 27 cadeias espanholas e que aqui continua a ser visto como uma medida "fracturante" em fase experimental.

Mas então o que é que a canábis tem a ver com isto? Ela ocupa um lugar destacado desde a última metade do século passado nas preferências dos europeus: calcula-se que um em cada cinco já a experimentou ao longo da vida. A canábis é usada há alguns milhares de anos para fins recreativos, tratamentos medicinais ou rituais religiosos sem que até hoje haja notícia que tenha morrido alguém por isso. O facto do consumo de erva ou haxixe ser tão generalizado, ao ponto de atravessar gerações, e das consequências do seu consumo moderado para a saúde ser comparável ao do tabaco ou do álcool são circunstâncias que aconselhariam uma regulação do mercado, para evitar a proximidade deste consumo ao das substâncias chamadas mais "pesadas" como a heroína.

A legalização e regulação da venda dos derivados da canábis é um passo importante para definir uma nova política para a toxicodependência e inverter a estratégia moralista e diabolizadora da "guerra à droga" que já provou ser um desastre, ao distinguir a perigosidade das substâncias para a saúde pelo seu estatuto legal actual. Não é por acaso que os defensores da política de slogans do tipo "a droga mata a juventude", são os mesmos que aplaudem o patrocínio de uma cervejeira à selecção de futebol, supostamente um exemplo de vida sem drogas para essa mesma juventude. A hipocrisia é muita, mas que culpa tem a planta?